Alugar casa numa das mais caras cidades do mundo (Sydney)

Neste artigo vou tentar mostrar como aluguei uma casa em Sydney. O mercado imobiliário é diferente de Portugal, dado que é visto como um investimento. Comprar uma “Investment Property” é tão comum como acções ou planos poupança. Um pouco diferente das pessoas que conheço que compram casa e normalmente habitam nelas. Tirando talvez as habitações das zonas turísticas tipo praia.

Mesmo os fundos de pensões que gerem os descontos para a reforma dos Australianos (a SuperFund Industry), fazem grande parte do investimento no imobiliário, na compra/venda (vulgo especulação), construção ou restauração.

Para alugar uma casa podemos afirmar que são 10 cães a um osso. Existe uma open house aos Sábados, as pessoas são convidadas a visitar a casa, fazem o registo e depois fazem a aplicação na imobiliária. Depois podem ser os escolhidos ou não, ou seja, ser agente imobiliário é quase como ser vendedor de carros usados nos anos 80, ’tá sempre a bater’.

Depois de entregarmos a documentação e todo o histórico que tenhamos de outros alugueres, se formos os felizes contemplados temos de dar o equivalente a um mês de renda para a “Bond” e mais duas ou três semanas (esta já a contar para a renda).

A bond é a fiança ou depósito. Mas em vez de ficar com o senhorio, fica com uma instituição chamada Fair Trade. Fica lá com os $$$ que para no fim, se a casa não tiver esburacada, poder ser devolvido. Caso o senhorio apele, pode haver uma avaliação e os $$$ reverterem para o senhorio como compensações. No meu caso, consegui tapar os buracos da parede com estuque e colar as peças partidas com araldite.

Recebi os $$$ de volta, mas o “Fair Trade” é tão fixe, que põe os $$$ a render. No fim do contrato em vez de 1800$ recebi 1840$. Nada mau… num outro pais, pagávamos qualquer coisa, mais o imposto de selo para reaver os nossos $$ de volta.

Os arranjos que fiz na casa, foram às escondidas porque no contrato, uma minuta genérica do Fair Trade com dezenas de pontos, diz claramente que qualquer reparação terá de ser feita pela pessoa indicada no contrato. Carpinteiro, electricista, etc… E nem um “fuinho na paede”, quanto muito, uns Bostiks. Nos anos 80 colavam os posters da Bravo, hoje tem que aguentar com um quadro de “pop art”. 🙂 Ah… que saudades de Lisboa… onde o meu berbequim da loja “oriental” chamada ‘Qualidade garantida e Beleza’ era tão feliz, pendurando tudo o que era barimbelho.

Inner WestA zona onde moro chama-se “Inner West”. Do centro da cidade, fica a 20mnts de comboio, fica a uma hora a pé, 35mnts de bike ou 7mnts de carro (comprado com os $$ da bond!).

Escolhi esta zona porque está relativamente perto do centro e não é muito caro. Do lado direito da ponte e da Casa da Opera, ficam os East Suburbs. São um pouco mais caros. Também, estão a pouco mais de 10 mnts do centro e do outro lado está a praia, é tipo ter a Caparica ali na expo e trabalhar no Saldanha. O sonho de qualquer mortal!

Mais para norte são os bairro caros. Bons acessos e habitação com mais qualidade parecem ser a razão para o preço. Não aconselho muito mais para sul ou oeste do Inner West. Apanham-se casas mais baratas mas às vezes também se apanham sopapos no focinho. Como qualquer cidade grande do mundo, também existem ‘galinheiras’ e ‘belas vistas’. Não estou a criticar, pois cada um vive como quer. Mas uns vivem mais como querem do que outros. 🙂

Seja como for, domain.com.au é capaz de ser o melhor serviço que já experimentei. É um site de casas que engloba as diferentes imobiliárias, mas de uma forma muito bem organizada. Vai-se ao site, pesquisa-se ou então melhor: descarrega-se a aplicação para o telefone. Gravam-se as casas para ir ver. Ficam ligadas ao Google Maps que, às escondidas fala com o GPS e pronto! Já temos plano para Sábado de manhã… com agenda marcada e o respectivo pin-point no mapa.

Dulwich_HillPara finalizar, incluam o Google Earth nas vossas pesquisas, activando a opção de transportes públicos. Conseguem ficar com uma ideia de onde ficam e quanto tempo levam até ao vosso destino. Devo dizer que quando escolhi Dulwich Hill, foi porque fica mesmo colado a Petersham, ou Little Portugal, mas infelizmente a comunidade PT desta zona já veio para aqui há muito tempo e não me identifico de todo com eles. Talvez os meus pais ou avós. A distância quebrou o elo diário com pt e a europa… Fixe Fixe… é comer cozido à portuguesa e ver o Toy… Cada vez há mais portugueses espalhados pela cidade, o inglês aprendido da vasta formação, torna-os independentes. Coisa que há 30 anos limitou os então recém chegados a manterem-se por aqui. Muitos nunca aprenderam a falar, tirando o básico.

Escolham o vosso canto, e venham à aventura: Como dizia o Pessoa: “não temo o que virá. Pois venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma”. Eu sou mais simples: “Fixe, Fixe… é dar uma à caniche!”

Saúde e sorte
Tiago Bruno
[email protected]

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