Como ir para a Austrália – Viver e Trabalhar

Tenho a certeza que agora é que chamei a vossa atenção para este artigo. É a primeira coisa que se ‘googla’ quando se pensa em mudar para este país. Mas como diria o Saul no Breaking Bad: “Let’s start with some tough love…”. Emigrar para a Austrália é complexo. Não é impossível mas deveras complexo.

Para começar temos de nos fazer três perguntas:

Quero Ir? Posso ir? Consigo ir?

1. Quero Ir?

A Austrália é a coisa mais longe de Portugal. Depois disto só mesmo a Nova Zelândia e depois a Lua. E mesmo assim conseguimos ver a Lua de Portugal. Temos que ter mesmo a certeza que queremos deixar a família e a nossa zona de conforto a mais de 18.000 km de distância. Num país que não faz parte da união europeia, (mas mesmo sendo tugas temos vários acordos, a isenção de exames na substituição da carta de condução é apenas uma) temos acesso a regras de trabalho diferentes especialmente para ‘visitors’ (que é o estatuto que temos até obter a tão desejada residência permanente, que torna tudo mais fácil).

Mas iria estar a mentir se dissesse que os país é MUITO diferente. É tipo Inglaterra mas com o tempo do Algarve – 🙂 – mas a distância é algo a considerar. A emigração do ‘juntar dinheiro para levar para casa’ já não existe. Pelo menos para os comuns dos mortais europeus. A não ser que sejam emigrantes americanos a ganhar bem na Alemanha. O Euro forte faz com que não se levem muitos AUDs na conversão. Ao vir para cá, o melhor é mesmo despachar o carro e a mota e mais algumas coisas que tenham, porque este país proporciona-vos uma boa oportunidade de qualidade de vida, mas trabalhando e vivendo por aqui.

No artigo da próxima semana irei mostrar as diferenças nos preços e no custo de vida. Não apenas no exclusivo ponto de vista da conversão da moeda, porque temos que ter em consideração o rendimento médio do país e do estado onde estamos.

2. Posso ir?

Esta é a segunda questão. Muita pesquisa fiz para saber se podia vir. Não estamos na união europeia onde nos podemos movimentar para todo o lado. Para entrar no país precisamos de um visto. De turista, de trabalho, de estudante, seja do que for. Até mesmo o de turista tem de ser solicitado pela net. Mas é GRÁTIS 🙂 Os mais cobiçados, sem dúvida, são os de trabalho. www.immi.gov.au é o site a consultar. Aqui estão todas as opções que dispomos. Patrocinado (457), skilled migrant, entre outros, existem vários.

Nunca escondo informação nem a realidade ao meu filho. Por exemplo, desde muito pequeno ensinei a ele palavras como cara#$/ e fod#$/^. Mas ensinei também que são asneiras e não se podem dizer. O mesmo vos digo em relação a vir com visto de turista e arranjar trabalho ilegal. O visto de turista tem uma duração de 12 meses. Mas não podem permanecer no país mais de 3 meses seguidos. Mas podem ir a Nova Zelândia passar o fim-de-semana e regressar e ficam com mais 3 meses. Mas os srs. da emigração não são burros e a 2ª ou 3ª entrada, cruzam os vossos dados com o $$$ que têm e onde estão hospedados. Se não têm um visa cheio de $$$ e são apenas turistas, a vossa sustentabilidade é colocada em causa. O mesmo se passa no arranjar por aqui um biscate. O emigrante ilegal é sempre explorado e não é porque a Austrália é um país rico e desenvolvido que não existe gente sem escrúpulos. Não se deixem colocar numa situação delicada e de risco.

Video Conferencia - Australia

E tenham cuidado com esses planetas de informação que vendem facilidade em troca de $$. Não é um visto de estudante ‘à pressa’ que compra o vosso futuro. Nem tudo o que reluz é ouro.

Agora, preparar a vossa vinda com uma lista de empresas, possíveis candidatas a empregadores e vir passar uns ‘dias de ferias para conhecer o pais’, depois mandar um bilião de cv’s parece ser já qualquer coisa de interessante. A Austrália tem necessidade de skilled migrants. Pessoas com qualificação e experiência. Certifiquem-se que podem demonstrar isso de forma rápida e eficaz, depois de aqui estar, fica mais fácil a entrevista, que é uma das coisas mais difícil de conseguir, não estou com isto a dizer que é impossível, porque eu fiz a minha por Skype.

Tem tudo a ver com a vossa especialidade e demanda… e sorte… ou melhor perseverança, porque o sucesso é o fim de várias tentativas… e até para sair o euromilhões temos mesmo que jogar!

3. Consigo ir?

Depois disto tudo será que consigo fazer face a estas premissas todas? E o meu vencimento, irá me dar sustentabilidade? Os ‘visitor’ não têm direito ao SNS (chamado aqui de Medicare), temos de ter um seguro de saúde privado. Os nosso filhos irão ter de pagar uma fee anual para poder ingressar na escola pública. O alojamento leva uma talhada grande do rendimento.

Sydney - Australia 2As viagens só de ida para a Austrália, em Junho até não são caras e a alimentação também não, e estou a falar de comprar em supermercados e comer em casa. (E como o trabalho aqui é todo ele bem pago, uma ida ao restaurante (excepto fast food) pode sair cara. Um almoço de 3 rapidamente chega aos 80$)

Uma coisa é certa, minha folha de excel foi toda ela feita no T2 do Infantado. Como há muita informação na net (mesmo muita) façam uma folha com 12 meses do vosso dia-a-dia (despesas, luxos, etc) e pesquisem o rendimento médio por aqui. Depois pesquisem quanto custam essas mesmas coisas. Se já passaram pela situação de mudar de uma outra cidade para Lisboa, por exemplo, (como foi o meu caso no passado) então usem a mesma folha, dá sorte! 😀 Imobiliárias, supermercados, transportes públicos, comunicações, chicotes de bondage… encontram tudo. No artigo da próxima semana irei mostrar as diferenças nos preços e no custo de vida. Não apenas do exclusivo ponto de vista da conversão da moeda porque temos que ter em consideração o rendimento médio do país e do estado onde estamos.

Para concluir:

A Austrália é um país de OPORTUNIDADES. Não de emprego garantido. Mas neste momento parece-me que o que faz falta ao comum do tuga é isso mesmo… Oportunidades! O resto terão de ser vocês mesmo a fazer. Irei ajudar a reunir o máximo de informações que possam precisar e que estejam ao meu alcance, mas por favor não me peçam dicas de emprego. Não vou poder responder. Não sei. Volto a relembrar que não me posso fazer substituir por nenhuma instituição. As informações são baseadas na minha experiência pessoal… Vale o que vale.

Vá a ver… Façam o trabalho de casa bem feito se quiserem mesmo vir. Mais faz quem quer, do que quem pode!

Saúde e Sorte
Tiago Bruno
[email protected]

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