O artista português Fernando Tordo, de 65 anos, partiu à aventura para o outro lado do Atlântico, por terras de Vera Lusa. Emigrou para o Brasil com todo o seu talento, uma guitarra às costas, em busca conseguir fazer tudo aquilo que a vida ainda lhe pode proporcionar.
É um artista, que para pessoas como eu, marcam. Os nosso pais ouviam, todos nós conhecemos pelo menos uma música, conhecemos ainda uma dezena delas, compostas pelo próprio, mas desconhecemos a originalidade. O estado da cultura em Portugal a isso obriga!
O seu filho, João Tordo, escreve no seu blogue um texto dilacerante e arrebatador. Todas as palavras utilizadas, essas sim, são a nossa realidade, a história real de um pai e de um filho, porque não são apenas os filhos que são acusados de abandonar o país. É um país que abandona não só os seus filhos, como também os pais.
Retiro um excerto do texto:
Queremos esta miséria, admitimo-la, deixamos passar. E alguns de nós até aí estão para insultar, do conforto dos seus sofás, quem, por não ter trabalho aqui – e precisar de trabalhar para, aos 65 anos, não se transformar num fantasma ou num pedinte – pegou nas malas e numa guitarra e se foi embora. Ontem, ao deitar-me, imaginei-o dentro do avião, sozinho, a sonhar com o futuro; bem-disposto, com um sorriso nos lábios. Eu vou ter muitas saudades dele, mas sou suspeito. Dói-me saber que, ontem, o meu pai se foi embora.
Lê o texto completo aqui.