Nos meios de comunicação social, surgem quase diariamente notícias onde aparecem milhares de ofertas de emprego para esta ou para aquela empresa, para este ou aquele projecto.
Apesar de este ser um projecto global de informação, por vezes tento que lhe seja dado um toque pessoal. Neste campo, confesso a minha desconfiança em muitos quadrantes que envolvem ofertas e oportunidades de emprego, com maior incidência naquelas que oferecem mundos e fundos, ou promessas de trabalho em países onde todos sabemos haver dificuldades de entrada como cidadãos portugueses que somos.
Enigmático será para sempre recordar o caso de Schwäbisch Hall. Lembram-se disto? Recordam-se da notícia do Diário Económico que dizia que uma vila alemã precisava de portugueses, qualquer coisa como 2700 empregos? Tudo mentira, e uma distorção completa do jornal (e de mais meios de comunicação que caíram na cantiga, principalmente todas as televisões) ao que havia sido dito pelos responsáveis que apenas quiseram promover a vila e acabaram por ficar metidos num imbróglio.
Segundo os responsáveis, eles apenas chamaram jornalistas Gregos, Espanhóis e Portugueses à vila para que a mesma fosse apresentada a estes países.
Surpreendentemente a mesma história soou banal na Grécia e em Espanha, mas em Portugal foi totalmente empolada e distorcida.
E o que aconteceu com uma distorção dos factos feito pelo jornal? 15000 currículos numa semana, 60 portugueses deslocaram-se em 48 horas para a localidade deixando o pouco que tinham para trás, passado um ano, lá empregaram 40 portugueses, segundo relatos, alguns mesmo por ‘caridade’.
O que se disse em Portugal sobre isto? Nada! Mas foi retratado em jornais europeus, estes são dois exemplos, há mais na imprensa internacional:
- BBC News – Schwabisch Hall: German town in PR talent drive
- Spiegel – 10,000 Job Applicants: Portuguese Seek Greener Pastures in German Town
Alguém viu um pedido de desculpas por parte do Diário Económico? Não, pois não? Normal. Notícias como estas surgem que nem cogumelos no Outono! Numa espécie de gáudio, o jornal envolvido ainda lançou uma notícia como se fosse de satisfação, onde se lê no título: Portugueses descobrem um futuro em Schwäbisch Hall. Afinal, das quase 3000 vagas, lá se empregaram 40 pessoas, muitas delas em limpezas e serviços básicos de primeira necessidade, pessoas essas que partiram com uma perspectiva imaginária, tal como lhes havia sido reportado pela comunicação social em Portugal.
E para que serve esta minha dissertação agora?
No espaço de 1 ano já começa a fartar as mentiras e falsidades que a imprensa despeja sem qualquer decoro sobre emprego no estrangeiro para portugueses. Começou com a Bélgica, foram e voltaram ao Canadá, meteram a Alemanha ao barulho mais umas quantas vezes, Brasil idem aspas, por vezes surgem algumas de estados dos Emirados Árabes… e assim continuam as falácias e as falsas promessas.
Algumas são meras promoções empresariais, outras para promover um qualquer projecto, todas rodam pelo âmbito de pura especulação e promoção na imprensa, que lhes dá voz.
As únicas que têm confirmado efectivamente, são as ofertas nas áreas da saúde, mais concretamente de enfermeiros no Reino Unido, onde muitos portugueses se encontram a trabalhar em regime estável.
Isto é um alerta! Não se fiem em tudo o que é reportado na comunicação social, todos sabemos (ou devíamos saber) que os jornais hoje em dia vivem de publicidade, os online vivem de pageviews. Portanto, se o desemprego e a ‘desgraça’ aumenta significativamente no nosso país, esse é um campo a explorar. Como diria o Albarran há muitos anos: “É o drama, o horror, a tragédia…”. Isto hoje em dia dá muito significado aos meios de comunicação social, por alguma coisa o Correio da Manhã continua a ser o jornal mais vendido em Portugal.
Eu, que não sou jornalista, nem nada que se pareça, confesso que já repliquei certas notícias e informações de ofertas de emprego em tudo semelhantes às que aqui denuncio, porque sou por vezes levado em erro pelos meios de comunicação social. Só depois mais tarde me apercebo da real intenção do que está a ser ‘informado’ Mas esse é o meu âmbito, dar a conhecer e replicar, não produzir a informação. Prefiro a parte que me toca de à posteriori, investigar, denunciar e alertar.