Rita Gouveia, jovem portuguesa emigrada em Berlim

Sair ou não sair do país? Esta é provavelmente uma pergunta feita por muitos jovens portugueses, que se vêem perdidos e desesperados face à hóstil situação económica que o País atravessa. E foi essa mesma pergunta, essa mesma realidade, que me fez sair novamente do nosso País e ir à descoberta de uma vida melhor, de oportunidades de trabalho (que não fossem precárias e miseráveis) que não conseguia encontrar em Portugal.

Desde cedo que comecei a ter vontade de emigrar e de alargar os meus horizontes pessoais e profissionais, e por isso decidi participar no programa Erasmus entre Outubro de 2010 e Setembro de 2011. Estive cerca de 7 meses em Madrid e cerca de 5 em Barcelona, onde estive a fazer 2 estágios na área da Comunicação em ambas as cidades, tendo regressado novamente mais tarde, a Barcelona para participar num projecto temporário.

Rita-Gouveia1Creio que começa já ser um clichê falar-se de Erasmus, uma vez que o número de alunos portugueses (e estrangeiros) tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. Nunca houve tanto movimento estudantil e juvenil pela Europa como agora, julgo eu, e isso é na minha opinão fabuloso! Contudo julgo que é uma experiência sensacional e muito importante para o desenvolvimento pessoal e profissional, uma vez que nos capacita para lidar com novas desafios, aventuras e pessoas. Faz-nos crescer enquanto indivíduos e perceber que há um Mundo imenso para ser vivido.

Depois do Erasmus fui infelizmente obrigada a regressar a Portugal, sem perspectivas favoráveis em relação ao meu futuro profissional, uma vez que a juntar-se á crise económica é notória também a dificuldade em encontrar um trabalho (e remunerado) quer na área de Arte e Cultura quer na de Jornalismo. Terminados os meus estudos, encontrei alguns trabalhos como freelancer na área do jornalismo e na área de produção de eventos, e fui assistente de um galerista de arte. Apesar disso, estes foram espisódios esporádicos e temporários, por isso, consciente de que a situação não ia melhorar (antes, sim, piorar), decidi voltar a sair do país, e novamente por ocasião de um estágio.

A escolha recaiu desta vez sobre Berlim, e na empresa Visual Meta onde integro a equipa portuguesa da plataforma de e-Commerce ShopAlike.pt. Aqui estou a desempenhar tarefas relacionadas sobretudo com o Marketing Online, uma área totalmente dinâmica e ao mesmo tempo exigente. A atmosfera da empresa é jovem e descontraída, quase como se voltasse aos meus tempos de aluna Erasmus. Aqui tenho a oportunidade de me especializar na área de Marketing Online, assim como de continuar a privar com colegas de outras nacionalidades e culturas. Para além disso as condições oferecidas pela empresa são muito boas, começando pelo o horário de trabalho flexível, passando pela oferta de bebidas e snacks, eventos sociais promovidos pela empresa que facilitam a adaptação e a inserção na cidade e na empresa, sala de jogos para descontrair ao fim de um dia de trabalho, para além do ambiente informal que aqui se vive e da autonomia de trabalho.

Está a ser uma experiência surpreendente, não só a nível profissional mas também pessoal. A cidade tem-me surpreendido imenso, sobretudo pela sua qualidade de vida e pela organização de todo o quotidiano. Posso dizer que estou a adorar Berlim, é uma cidade sensacional a todos os níveis, apesar dos alemães não serem na minha opinião o povo mais afável que existe.

Rita-Gouveia2Contudo se está a pensar emigrar há umas quantas questões que deverá ter em conta antes de partir à aventura. Como por exemplo: deve certificar-se de que reúne toda a documentação necessária, os contactos mais úteis em casos de emergência e ainda se for o caso disso, que detém os conhecimentos linguísticos necessários. Nem sempre é fácil e rápido preparar todos estes elementos, por isso deve tratar deles com a máxima antecedência possível, especialmente do cartão europeu de saúde (caso emigre para um país europeu), para que tenha os serviços de saúde assegurados e ao mesmo tempo para evitar custos hospitalares absurdos e desnecessários. Eu própria já tive necessidade de recorrer a serviços médicos aqui em Berlim por duas ocasiões, e fiquei impressionada com o atendimento; eficaz, muito profissional e a custo zero. O único defeito: raros são os profissionais que falam inglês.

Outra situação que exige grande atenção e disponibilidade da nossa parte é a procura de alojamento, e dependendo de cidade para cidade, poderá ser mais ou menos difícil. Das experiências que já tive dentro e fora do país, julgo que nada se aproximará à aventura que é procurar um quarto para viver em Amesterdão. Aqui em Berlim, acho que o segredo é principalmente insistir, e muito, não desesperar porque no final de contas a casa ou o quarto acaba sempre por aparecer.

Por várias razões acredito que os jovens portugueses devem encarar a emigração não apenas como uma obrigação, mas também como algo que os faça crescer enquanto indivíduos. É uma mais-valia a todos os níveis, mesmo para aqueles que não se julgam capazes de o fazer, creio que se poderiam surpreender a eles mesmos. O mundo é um “espaço” vasto, com imensas situações para explorar, e o que delas decorre resulta muitas vezes em episódios maravilhosos.

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